segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Takiji Kobayashi - O Navio dos Homens


Menos conhecido do que Mishima (O Templo Dourado), Tanizaki (Naomi) e Kawabata (Terra de Neve), Takiji Kobayashi, apesar da sua fugaz existência (foi assassinado aos 29 anos porque participava de forma ativa no partido comunista japonês,) impôs-se como um dos principais nomes da literatura japonesa do século vinte.
Em O Navio dos Homens, livro que lhe valeu o sucesso a nível internacional, há uma sequência de acontecimentos muito semelhante à d’ O Encouraçado Potemkin, filme do grande realizador Sergei Eisenstein: começa com o anúncio da descida ao inferno, continua com o recrudescimento do clima de insatisfação dos pescadores e a consequente e infrutífera rebelião, e culmina na necessidade de os homens se manterem unidos para vencer o despotismo. Kobayashi pretendeu, com este livro, sublinhar a importância da constatação de Mori Motonari, de que três setas juntas são mais difíceis de quebrar do que uma seta, na vida política.

Para além da escrita, Kobayashi gostava, também, de engenharia, manuseando com destreza instrumentos radiofónicos e tendo conhecimentos físicos bem consolidados e soldados à experiência, como este excerto prova:

Ao entrar no estreito de Soya, o barco, que pesava quase trezentas toneladas, começou a saltar como se tivesse soluços. Parecia que uma força extraordinária o estava a levantar. Ora pairava no ar, ora caía, regressando à sua posição original com um estrondo enorme. Era como aquele desagradável formigueiro, aquela sensação de estarmos num elevador quando este desce com demasiada velocidade. Os operários, que tinham o rosto amarelado da fraqueza e os olhos semicerrados pelo enjoo, vomitavam.

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