terça-feira, 26 de agosto de 2008

O VERÃO DA MINHA VIDA

Há alguns verões atrás, estava eu na Cantábria, Espanha, o "Diário de Notícias" pediu-me um texto sobre o "Verão da minha vida". Recupero esse texto que na altura saiu no jornal (nas imagens, em cima o Hotel Real, em Santander, e em baixo a Biblioteca Menendez Pelayo, também em Santander, vista pela grande fotógrafa alemã Candida Hoefer):

Que me desculpem os verões passados no País de Gales, na Inglaterra, na Bretanha, no País Basco, na Dinamarca e na Suécia, mas, tal como o amor, o melhor Verão é sempre o último. Quer dizer, este. Escrevo desde Santander, província de Cantábria, no Norte de Espanha (está visto que nos verões prefiro fugir para norte, onde o ar é mais fresco). Aqui, entre montanhas e mar, está um verão que merece a pena vir ver, que merece a pena viver.

Aqui a Espanha é verde. As vacas passeiam-se no verde, transformando-o no branco do leite. Na antiga povoação de Santillana del Mar, pode beber-se um copo de leite fresco, com a certeza de que é da vaca mais próxima. Num monte próximo situam-se as grutas paleolíticas de Altamira: foi o pintor Juan Miro que disse que “a arte está em decadência depois das grutas de Altamira”. E, um pouco mais adiante, a paisagem verde cai abruptamente sobre o mar. Agora olha-se e, ao contrário de Mário de Sá Carneiro, não se pode pedir “um pouco mais de azul”, porque é impossível. Só alguns pequenos barcos de outras cores se passeiam no azul, tão pachorrentos como as vacas no verde.

A cidade de Santander ergue-se, muito elegante, sobre a baía com o seu nome. O Porto Pesquero recolhe todos os dias fauna retirada ao mar para chegar à mesa. O Porto Chiqui, por sua vez, alberga os barcos de recreio. Entre um e outro há um porto de “ferry”, que serve a quem queira ir mais para norte, até Plymouth, Inglaterra, atravessando o Cantábrico. O Paseo de Pereda é muito útil à tardinha para fazer “piscinas” pedestres, com eventual paragem numa esplanada para um “cafe con leche” ou um “helado de moca”. A cultura mora aqui no Verão. No jardim marítimo, à noite, uma jovem cantante esforça-se razoavelmente por imitar a inimitável Ella Fitzgerald (é o programa “Jazz en la Calle”). O Festival Internacional de Santander alberga desta vez uma nova produção da Norma de Bellini. O barco Naimon, vindo da Figueira da Foz, prepara-se para atracar e ser palco do último e fantástico espectáculo do grupo espanhol Fura del Baus.

A área mais elegante é a praia de Sardinero, ou melhor as praias de Sardinero, porque há duas separadas pelos coloridos jardins de Piqui. Nessa área vários hoteis mostram, orgulhosos, as suas numerosas estrelas. É de cinco estrelas, por exemplo, o Hotel Real alpendurado na costa verde e oferecendo uma esplêndida vista sobre a península de Madalena, onde está a Universidade de Verão Menendez Pelayo (pouso estival de alguns Prémios Nobel: a ciência também mora aqui ao lado da cultura), e a praia dos Bikinis, que deve o seu nome às primeiras veraneantes que exibiram em Espanha fatos de banho de duas peças. A propósito de Marcelino Menendez Pelayo, contemporâneo de outro Marcelino, este Sautuola, que descobriu no século XIX|as grutas de Altamira, vale a pena visitar a sua biblioteca, no centro da cidade. É uma das bibliotecas mais preciosas de Espanha, embora obviamente a léguas da Biblioteca Joanina de Coimbra.

A comida e a bebida? Óptimas, há diverso marisco e “pescado”, que podem ser acompanhado por um vinho branco de Rueda. E o tempo? No Verão toda a paisagem tem ar condicionado: quando fica demasiado quente, as nuvens vêm tapar o sol e, quando fica demasiado frio, logo o destapam. Chove durante todo o ano, para manter o verde, mas, em Julho e Agosto, as nuvens, entretidas a tapar e a destapar o sol, esquecem-se por vezes de chover.

A Espanha verde existe: venham cá e verão!

5 comentários:

Virtus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Virtus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Si no lo ha hecho aun, no se vaya sin haber visto los Picos de Europa:

Potes, Fuente Dé, Aliva... y el monasterio de Santo Toribio de Liébana.

Carlos Fiolhais disse...

Cara Marguerite:
Também vi, mas não podia falar de tudo. Dá para outra crónica!
Carlos Fiolhais

Anónimo disse...

hola soy brasileña y ya visite espanha ! es muy linda . tengo mucha ganas d volver a ver todas as maravilhas q mis ojos solo a visto en espanha . um millon de brsos espanha

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